Natal dos Hospitais.
O que faz um doente no hospital, se já teve alta? Melhor, que faz um "doente" num hospital se já teve alta há dois meses, um ano, dois anos...?
Eu digo - está à espera, sentado num sofá, a apanhar teias de aranha, aguardando que alguém o venha buscar! Alguém que se esqueceu, que existe mas que está "esquecido", ou que finge que está com falta de "memória" - em parte significativa dos casos. Noutros, nem há quem se tenha esquecido, simplesmente não há! Fica a tal sociedade responsável pelo caso (como sabemos), quase sempre distraida e a "esquecer-se" também.
Uma nota textual qualquer diz que o centro hospitalar de região de Lisboa -centro- tem cerca de duzentos doentes "internados" e com "alta" ao mesmo tempo. E coloca o dedo, suavemente, na ferida mais deplorável: "...por questões sociais!" ( leia-se: "família que não quer saber"!).
Este tema é hoje destaque no Sapo. E muito bem! O que prova que, por exemplo, no Sapo, ao contrário do que às vezes parece, não encontramos só voz(es) sobre a cor mais favorável de embrulhos para a quadra, ou a forma mais económica de nos envernizarmos na noite da consoada.
Ser se-á "grinch" desejar um pouco mais de humanidade e sentido social para com aqueles que passam um Natal menos bom, nesta época, seja na rua, nos hospitais, mesmo, até, no interior solitário das próprias casas? Que filho é aquele que deixa um pai abandonado numa cama, ao cuidado de terceiros?
Somos vergastados pelas mais variadas campanhas de solidariedade, durante todo o ano; tristemente constatamos que fica tanto por fazer quando o ano chega ao fim. A começar pela família!
Nesta quadra especial, desejos de um bom natal e um boas festas para quem está no Natal dos Hospitais!
Sinceramente.
Papagaio