O terror de viajar de avião.
Caramba para perceber como é que aquelas coisas monstruosas se seguram em nada que se veja! Evidente que isso da física e o diabo que carregue até apresenta uma lógica muito simples e certa. O meu espírito é que não liga nenhuma para essas lógicas! Expliquem-lhe a ele, - ao espírito, quero dizer!
De vez em quando, vindo o assunto "voar" à baila, há sempre uma pilha de gente sabida e experiente a rir-se da minha figurinha (o que não falta é heróis, neste nosso quintal!) e um fanfarrão que faz o obséquio de mostrar que é versado em ciências e dinâmica das forças - e lá levo eu com mais uma aula de aviação para medricas!
Sinceramente, até pode entrar-me na cabeça, o raio é que não há jeitos - volto à vaca fria - de me entrar na alma! Virei medricas de primeira apanha- e a minha vida passou a ser muito mais feita com os pés "assentes" na terra! Poça! De preferência com os pés assentes na terra!
Inicialmente viajava de avião, como diz a malta nova, na "boa". O pior foi a seguir, depois de muitas milhas já acumuladas! Algo não correu tão bem e eu cheguei à placa do aeroporto da Horta a rezar... e à procura de uma casa de banho! Nem queria acreditar que ainda estivesse vivo! Explicação: ventos de toda a banda ( nem sei se do norte, se do sul, se do raio que parta!) - parecia que os marinheiros de Ulisses tinham aberto o saco sem autorização. Por pouco, a "nau" não foi parar a esquizóides do inferno! O estômago veio-me quase à boca e senti-me numa aflição como nunca tinha antes experimentado. Tanta porradinha levou a "aeronave"! Parecia uma pinhata em dia de festa de aniversário!
O curiososo é que, da aflição à obsessão foi um passinho - hoje, sempre que vejo um avião, ponho-me a admirá-lo, tal qual uma mula a olhar para um acelerador de partículas. Devoro tudo sobre aviões, sei datas, modelos, rotas, companhias, matrículas, tiro fotos, vejo-os partir, chegar... já fui apelidado de doidinho das avionetas!! Vejam só, a força de um cagaço!
Verdade! Aquilo que nos escapa, atiça-nos a curiosidade. Eu sou a prova viva!
Obrigado, Deus, no entanto, por me dares uma segunda oportunidade!
Papagaio
P.S. Será "Papagaio", também, o sintoma deste recalcamento? Agora que me ponho a pensar... huummm...