Explicar o que é o racismo é muito fácil. Para muitas pessoas, em Portugal e outros países parecidos com Portugal, o racismo é visto da seguinte forma: « Estão dois queques em cima de uma mesa. Um é de laranja, o outro é de chocolate. O de laranja é clarinho. O de chocolate é negro. Um indivíduo passa por ali e come o queque de laranja. O queque de chocolate continua em cima da mesa, sem que ninguém lhe toque. Uma série de pessoas que estão do outro lado da sala, sem nada que fazer - perdão, há uma no meio deste magote que se encontra a coçar os testículos! - reparam no queque de chocolate e começam a falar. Não se admite que se tenha comido o queque de laranja e que o de chocolate ainda esteja ali. É uma atitude lamentável! A conversa passa a discussão, já ninguém concorda com ninguém. Uma das pessoas do grupo pega no telemóvel e conta aos amigos sobre o que aconteceu ao queque de chocolate. Os outros, já estão a teclar no facebook a dar opinião e a tirar selfies ao queque e a tentar adivinhar o nome do indivíduo racista que comeu o de laranja e deixou o queque negro de lado. Duas destas pessoas berram uma com a outra e travam-se de razões. Têm opiniões diferentes e ameaçam fazer queixinha nos jornais e à polícia. Entretanto, já está o grupo todo à lambada, ao que se seguem socos, empurrões, opiniões e desmentidos. A polícia intervém e um dos agentes é alvejado por um tipo que estava armado dentro do grupo. Chegam as televisões para cobrir o acontecimento, dois professores jubilados recolhem dados para o próximo estudo sobre a violência e Mamadú Ba apresenta queixa contra o homem que engoliu o queque de laranja, por discriminação racial e agressividade psicológica contra a comunidade negra. Chega uma professora universitária, com ar indesmentivelmente racista, porque tem pele de cor branca. Repara em outros dois queques que estão em cima da mesa desde o início: um de morango e outro de baunilha. Nenhum destes queques é de chocolate. Ninguém reparou nestes dois que ali estavam. Pega no de morango e come-o; quanto ao de baunilha, cospe-lhe em cima, disparando sobre ele, logo de seguida, com um revólver que trazia escondido dentro de um do bolsos do casaco. Escandalizada e chocada, a multidão para por uns momentos, com a atitude da professora. Recomeça a pancadaria, agora com ainda mais violência, não por causa do queque de baunilha, que ficou desfeito, ou do de morango, mas porque o queque de chocolate continua em cima da mesa, vítima de racismo. Um diretor de jornal famoso, passa por ali, entretanto, e diz:
- Estou-me a cag*r para queques de chocolate, eu nem gosto de queques. Façam o favor de se maltratrem, que eu preciso de notícias para a edição de amanhã. Viva a liberdade de expressão democrática!
Moral da história: - O que quer dizer "racismo"? - O que quer dizer? Sei lá! Mas deve ser quando alguma coisa que é preta fica a perder... aí, revoltamo-nos todos!
Pap...