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Giló - O Papagaio Indiscreto

#Aqui no Papagaio e no Sapo Blogs outra vez? Pá! Vão à praia, façam amor com a(o) namorada(o)... evitem é perder o vosso precioso tempo neste botequim! Podiam, pelo menos, ter o bom gosto de escolher outro blog #

José Luís Peixoto

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   Com apenas 27 anos, José Luís Peixoto foi o mais jovem vencedor de sempre do Prémio Literário José Saramago. Desde esse reconhecimento, a sua obra tem recebido amplo destaque nacional e internacional. Os seus livros estão traduzidos e publicados em 26 idiomas. O romance Galveias foi o primeiro livro de língua portuguesa a ser traduzido diretamente para o idioma georgiano, tendo acontecido o mesmo ao livro A Mãe que Chovia, que foi o primeiro a ser traduzido diretamente do português para o mongol.

in joseluispeixoto.net

papagaio

 

Reedição: "Era um covfefe cheio, se faz favor!"

covfefe.jpg

   Lembram-se? Quando Pacheco Pereira, depois de chegar da casa de banho, concluiu, já sentado na sua biblioteca privada, que Trump estava louco, acusando-o de não saber o que dizia? Que se colocava a inventar palavras estranhas sem saber minimamente o que queriam dizer! Dizia o Pacheco Pereira que eram mesmo "não-palavras", porque não estavam descritas em qualquer dicionário que sejacompêndio que o haja ou enciclopédia que o valha.

   No nosso entender, quem está senil, para além de Trump, é o próprio Pacheco Pereira. Efetivamente, em vez de ir para a cama a horas decentes, depois de lavar a dentuça e fazer o xixizinho, Pacheco fica na sua biblioteca masmorrenta até às tantas da madrugada, à procura de traduções em línguas esquisitas, para decifrar o que é que o mafarrico do Trump anda a tentar dizer ao universo via-Twitter. O P.P. deve ser, nomeadamente no que concerne a este ponto, o único animal mais ou menos racional à face da Terra que ainda se importa com aquilo que o Trump anda para aí a falar! É que o resto do mundo e arredores já apontou a agulha para outros lados!

   Alguém promova o aviso se faz favor e chame o barbudo à atenção! que esse comportamento de ir dormir demasiadamente tarde não promove a saúde física nem mental do Zé Pacheco Pereira que, ainda por cima, também já não é um gajo propriamente novo. Para mais, não deve ser bom para a saúde do casal; qualquer dia temos a Isabel Maria a dar-lhe com os pés, por ele ficar a pensar no Presidente dos Estados Unidos, em vez de aparecer durante a noite para aquecer os ditos dela, sobretudo no inverno. Que no verão é tudo nu e à fresca, que nós sabemos de fonte insegura.

   Depois, o P.P. parece já ter-se esquecido que o Presidente dos Estados Unidos dá erros de ortografia monumentais; ora, inventar palavras que não fazem parte do dicionário fica-lhe logo ao virar da esquina!  Primeiro, toda a gente sabe que D.D.T.rump teve nega a inglês no segundo e terceiro ciclos - necessitou de ajuda para acabar de soletrar o Ei, Bi Ci e cantar as "Nursery Rhymes" à capela;  em seguida, só pode ser má-fé deconsiderar a grande maçada que constitui digitar mensagens até 140 caracteres num smartphone...deitado na cama...ainda mais só com uma mão - a outra está sempre ocupada à procura da da Melania! Para além de vocabularmente restritivo é ergonomicamente condicionante, o que propicia, para além da masturbação frustrada, a gralha ortográfica e o equívoco morfossintático, já para não falar do desajuste semântico. Enfim, escrever no Twitter, deitado, é uma m*rda do caraças!

   Mas os nossos serviços papagaísticos estão sempre disponíveis para resolverem as situações mais intrincadas, pelo que nos vamos oferecer, mais uma vez, para desbloquear este novo impasse diplomático que se gerou com a última dedilhação trumptiana de 140 caracteres - aqui segue a tradução da mensagem de Trump, que veio a público com palavras estranhas, para que o Pacheco Pereira, na sua biblioteca, possa fazer o registo nos seus apontamentos e mandar para a sede do PCTP/MRPP:

Trump:

Russo - Путешествия хэштегом: перейти на Twitter, чтобы Covfefe и побаловать себя великолепной Goldenshower

Arménio - Travel հեշթեգի: գնալ Twitter է Covfefe եւ բուժել ձեզ մի հոյակապ Goldenshower

Khmer - hashtag ដំណើរ: ចូលទៅ Twitter ដើម្បី Covfefe និងការព្យាបាលដោយខ្លួនឯងទៅជា Goldenshower អស្ចារ្យ

Curdo - Hashtag Travel: go to Twitter ji bo Covfefe û tedawîya xwe ji Goldenshower bi heybet

Galego - Viaxes hashtag: vaia de Twitter ata Covfefe e Deliciosos-se con un magnífico Goldenshower

Alemão - Travel Hashtag: Geh zu Twitter Covfefe und gönnen Sie sich einen herrlichen Goldenshower.

Inglês - Travel Agency Hashtag: Go by Twitter to Covfefe and delight yourself with a magnificent Goldenshower and café cheio, passing trough Saint Petersburg. Making America Covfefe Again!

Saudações Gramaticais

Papagaio

Kafka e a Boneca Viajante

kafka.jpg

     Um ano antes da sua morte, Franz Kafka viveu uma experiência singular.
     Passeando pelo parque de Steglitz, em Berlim, encontrou uma menina a chorar porque havia perdido a sua boneca.
     Kafka ofereceu ajuda para encontrar a boneca e combinou um encontro com a menina no dia seguinte, no mesmo lugar.
     Nao tendo encontrado a boneca, ele escreveu uma carta como se fosse a boneca e leu para a menina, quando se encontraram. A carta dizia : “Por favor, não chores por mim, parti numa viagem para ver o mundo. ”.
    Durante três semanas, Kafka entregou pontualmente à menina outras cartas, que narravam as peripécias da boneca em todos os cantos do mundo: Londres, Paris, Madagascar…tudo para que a menina esquecesse a sua grande tristeza!
     Esta história foi contada para alguns jornais e inspirou um livro de Jordi Sierra i Fabra (Kafka e a Boneca Viajante ) onde o escritor imagina como teriam sido as conversas e o conteúdo das cartas de Kafka.
     No fim, Kafka presenteou a menina com uma outra boneca. Esta era, obviamente, diferente da boneca original.
      Uma carta anexa explicava: “...as minhas viagens transformaram-me…”.
    Anos depois, a garota encontrou uma carta enfiada numa abertura escondida da querida boneca substituta.

O bilhete dizia:

Tudo o que você ama, você eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará numa forma diferente.

Franz Kafka e a Boneca Viajante

por: Éderson Luis Silveira 

Ricardo C. Pereira - As portas fugazes

ricardo c. pereira - contos.jpgRicardo C. Pereira

 

SEPHER IETZIRAH

     Hoje tive alguns problemas com o projeto. Aos meus olhos ele possuía a luminosidade de uma obra acabada, e bastava muitas vezes contemplar como as ideias se encaixavam de um modo quase físico para que eu contivesse o ímpeto de tomar a matéria e conformá-la à minha vontade. Mas havia uma espécie de frémito vindo das obscuras camadas do devaneio, dos subtis modelos em que repousava o meu inativo contentamento. Ele vinha, esse incómodo, com os seus chamados inarticulados e intoleráveis, de modo que precisei tomar uma atitude. Escolhi As Letras, as pequeninas e impetuosas artífices com as quais me entretinha em silêncio, guardadas que estavam numa caixa dourada, apropriada aos contos fantásticos. Parecia haver chegado a hora, e quando levantei a tampa mais uma vez, elas não se moveram, acreditando em mais um alarme falso — tanto já haviam alimentado a esperança de dançarem e, enredando-se, gerarem formas das quais o deleite seria a consequência inevitável, esperança sempre malograda pela minha inércia e doentio autocentramento.

  Disse-lhes: “É hora”, e elas se animaram, saindo, uma a uma, do recetáculo. Puseram-se à minha frente, esperando uma ordem, como crianças cheias de vontade, mas sem qualquer orientação. Foi um momento difícil. Porque o projeto, antes tão bem delineado, assumira, num canto imprevisto e pouco iluminado da minha omnipotência, a precária compleição de nuvem. Pensei em dizer às garotas “Alef, Beit, meninas, vamos respirar um pouco e voltar à caixinha, certo?"

in "As portas fugazes", de Ricardo C. Pereira