Máscaras de carnaval...
Mesmo a descontraída da minha vizinha, que até agora se tem andado a c*g*r indiferente para isto tudo, passou a sair religiosamente de casa com a máscara posta. Ela que, na realidade, durante dois meses, - não procurou mais do que divertir-se ensaiando aventuras sexuais sucessivas às tantas da madrugada com o namorado, (não me deixando dormir sossegado) - não tem estado minimamente nem aí para a questão do sacrifício provocado pela pandemia, nos altares sociais. Limitou-se, nesse tempo todo, à semelhança do resto do povo, a seguir a folia, e provavelmente muito bem! Certamente que a moça, ao sair do prédio, iria só toda janota abastecer-se de contracetivos ao supermercado, mas, agora, e à cautela, muito atinadamente, já colocou o adereço facial antes de sair da própria porta do apartamento.
De facto, até há poucos dias, quase ninguém usou máscara nem viseira, sendo tais adereços vistos como inúteis e dispensáveis; tendo mudado a atitude para os antípodas, como que por magia, passando as fuças a andar cuidadosamente tapadas, tudo isto poderá levar à conclusão de qualquer um mais atento, que a ação epidémica e funesta do Covid-2 se deve fazer exercer, sobretudo, por imperativos de motivação eminentemente política e de determinação regulamentar, mais do que por certeza clínica. O vírus terá sensibilidade legislativa e operará dentro de um estilo ideologicamente militante.
Haverá, pois, neste quadro de coisas, um vírus antes do desconfinamento e um vírus depois da fase de desconfinamento, que muda de atitude, estratégia e mostra as suas unhas afiadas a partir do momento em que o Sr. Primeiro-Ministro e o Sr. Presidente da República anunciam a passagem da simplória Contenção e da frugal Emergência à respeitável e não menos contraditória Calamidade. Como se o bichinho tivesse recebido algum telefonema do governo. A partir desse momento, por imperativo de estado e com sentido de cidadania, é só de máscara! Só pode! A raíz do mal poderá estar atenta aos telejornais e decidido dar uma "guinada"política, obrigando a máscaras.
Tudo um pouco esquisito e muito pouco natural. Daí a suspeita que um decreto regulamentar ou uma portaria, - no nosso selvagem desconfiar - possam provocar mais danos colaterais na nossa saúde física, mental e financeira, do que a p*ta de uma infeção por coronavírus.
Pap...