Nádia-Uma Mulher no Terror da Argélia
Baya Gacemi documenta neste seu relato a HISTÓRIA real, e de sempre, das mulheres... representadas, aqui, por Nádia, nome que dissimula a figura real e efetiva. Nádia existe e bem poderia ser Nádia no Afeganistão, na Síria, no Iraque, na Turquia, na Somália, enfim... lá!, como na Argélia. Terror pode ser terror em qualquer lado, os dias de hoje que o provem! Não exclui terras ou nações (embora escolha mais umas que outras!). Não nasce do húmus, mas da insanidade humana!
Omnipresente na desgraça do Ser, neste caso, do feminino - e a desafiar o Supremo, bem à esquerda de Deus (sem conotações políticas!), - exista Ele ou não, tanto faz - o medo causado pela opressão pode reduzir as almas a cinzas e os corpos a escombros sem ação, pior que qualquer incêncio!
Trata-se de um relato espontâneo, cruel, sem pinturas nem camuflagens, que expõe as agruras diárias, quase indizíveis, da vida de uma mulher, mal saída da adolescência e apanhada pela rede do extremismo islamita: primeiro, a sedução, o engano; depois, a rápida e terrível constatação da chegada atroz do sofrimento, às mãos da escravidão imposta pelo GIA - organização terrorista argelina; por último - a fuga!
Pelo meio, um retrato da Argélia ignorada por muitos, mal conhecida por outros, sabida por poucos, indiferente para tantos! A Argélia, um dos covis confortáveis para terroristas, pátria de múltiplas injustiças, terreno de crimes contra a humanidade e de ódios que cobrem o chão de sangue.
A leitura que fiz, já há algum tempo, deste testemunho, na primeira pessoa, de uma vítima das redes jihadistas impressionou-me, mas não me surpreendeu! A total anulação da dignidade humana, seja ela feminina ou masculina entra-nos todos os dias pelas portas de casa a dentro. A ponto de nos paralisar na indiferença, de tanta violência que nos é banalmente servida! A indiferença é um dos grandes perigos!
Papagaio
Nádia -Uma Mulher no Terror da Argélia
Autor: Baya Gacemi
Edições Asa (5ª edição)
Género: Documentário