O Natal do Pai Natal...
Ontem à noite o Pai Natal voltou a andar por aí...
No saco da vestimenta, estava o já velho fato, roído das traças, mas ainda com algumas qualidades para ser utilizado numa dramatização natalícia. À falta de cinto, um antigo tubo plástico de esgoto de uma máquina de lavar serviu para o aperto do fato na barriga. O saco era vermelho e pesado, longo - dir-se-ia que vinha expressamente da Lapónia, com tamanho suficiente para guardar os milhões de embrulhos para a inacabável criançada mundial. Mas lá dentro, apenas alguns chocolates para a curta volta à "freguesia" - não era possível mais!
Óculos escuros para tentar disfarçar a identidade real, uma barba postiça muito desgrenhada e uns sapatos esburacados, quase sem sola e calçados ao contrário, que este Pai Natal tem de se armar um pouco em palhaço, também.
Uma ronda pela vizinhança mais próxima... a Clarinha, filha da vizinha de baixo, repentinamente, e do mais fundo do coração, emociona-se ao largo e dirige-se sem quaisquer hesitações ao Pai Natal, da forma mais honesta, espontânea e sentida que é possível ver, pregando-lhe, sem pedir licença, um abraço apertado, do tamanho do universo! Não havia mais braços para tanta cintura! Exclama: - Pai Natal!! E ficou ali agarrada, por breves ou largos momentos ( não se sabe!), como se tivesse tocado as nuvens. A Clara mostrou e fez lembrar a todos como é ser criança...novamente!
O Pai Natal não estava à espera de tão ternurenta sinceridade e de tão autêntica expressão! Nem o próprio tubo do esgoto preso à cinta estragou o momento!
São assim, as crianças: tudo o que é terrivelmente vísivel aos olhos dos adultos não passa de um pormenor sem significado na visão de um pequenito.
O Pai Natal ficou com uma lágrima completamente inesperada ao canto do olho... afinal, quem diria que seria ele a levar com a melhor prenda!? E esta, hein?
Papagaio