Os Dez Mandamentos do Impossível Mediático.
Julgar que um inspetor tributário que dê uma entrevista ao telejornal consiga escrever dois versos de um poema, mostrando ligeiramente uma coisa chamada "sentimento";
Assistir ao programa "Parlamento" sem dar vontade de rir, sem dar vontade de dormir ou sem dar vontade de apagar a televisão antes que alguém diga alguma coisa com significado;
Rever a série "Sopranos" sem reparar que o horário "nobre" já não existe há, pelo menos, uns quinze anos;
Bocejar galhardamente no sofá, durante as trezentas e oitenta e três séries policiais norte-americanas que passam à noite, todas à mesma hora, e sonhar que as inspetoras da Polícia Judiciária também fazem todas dieta;
Confiar na Pivot da TVI quando diz que Donald Trump chegou cedo e sóbrio ao seu hotel, depois de estar num festa nos arredores de Moscovo;
Ouvir o Bourdain jurar três vezes que adorou provar coscorões sem acreditar que foi o dono do restaurante que lhe pagou para dizer aquilo, ao lado da tabuleta iluminada do estabelecimento;
Ficar a saber que a Filipa Gomes vai fazer uma Punheta de Bacalhau na cozinha do 24Kitchen sem levantar da cama e ir assistir ao programa, que passa às 3 da madrugada;
Assistir ao "Love on Top" ou à "Casa dos Segredos" e julgar que os concorrentes estão a banhar-se na piscina da casa, mandada encher apenas com água pela Teresa Guilherme...;
Ver a Teresa Guilherme a dar um pulo para dentro da mesma piscina sem ter de chamar os gajos do "Baywatch" logo a seguir;
Imaginar que os nadadores salvadores estão de livre vontade dispostos a fazer-lhe uma respiração boca-a-boca.
Papagaio
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