Querida, encolhi a Literatura!
Muito bem! Vivemos num país imensamente democrático. Cada um dá a opinião que bem entender e toma a que lhe apetecer. Então, sobre o resto do mundo é melhor nem falar! Não há nada mais liberal que a Aldeia Global!
Mas continuamos com o mesmo dilema! Quem é que pediu toneladas de blogues com sugestões de livros? Quando existir um estudo sério e independente, vai-se descobrir que há mais blogueiros opinadores sobre livros do que... livros em si!
Isto não é, contudo, o mais estranho. O mais curioso é que as largas sugestões bloguísticas sobre literatura, apesar de serem enjoativamente redundantes e motivadas pelas capelinhas de interesses, a maior parte das vezes, surpreendentemente, até nem são más! A menor parte é má, admita-se! Pronto! Mas há, não obstante, uma ínfima parte que é fraca. E a maior é constuída por sugestões péssimas. Restam as terríveis, que dão vontade de rir e chorar, ao mesmo tempo.
Um destes dias, batemos com as trombas num blogue de sugestão livrística - coisa impensável até ao último fim de semana! - que apontava para a análise literária através das capas, ( dizia a figura blogástica que emoldurava as capas e as colocava nas paredes, que nem alces), depois de uma passagem pelas livrarias! Será, talvez, um blogue de E.V.T., travestido de "forum de leitura". Isto não é necessariamente inaudito nem escandaloso, até porque também já vimos pessoas que adoram a caça e se dizem "caçadores", mas que se limitam à estúpida diversão de pregar cabeças embalsamadas de alces e javalis no alto das paredes lá de casa. Entre estas duas atividades, - comprar livros e adorar fanaticamente as capas, e cortar cabeças a animais selvagens para colocar tudo pendurado, como troféu, - há muito em comum: para além da estupidez, temos o desconhecimento das questões do ambiente, o desrespeito pelas espécies e a degradação da imagem-própria. Ainda assim, pregar capas de livros nas paredes contribuirá menos para a malvada da pegada ecológica.
Outra: para quando a promoção da literatura substancial e a referência desinteressada a autores portugueses, sejam eles clássicos, contemporâneos ou novos autores? Isso! A Literatura Portuguesa é das mais ricas a nível mundial. Que se saiba que também há Literatura Portuguesa! Ajudamos, claro! Aí vai: Miguel Torga; José Ángel Manas; Eça de Queirós; Fernando Namora; Osvaldo Soriano; Marjane Satrapi; Michel Tournier; Machado de Assis; António Lobo Antunes; Baya Gacemi; Herta Muller; Vergílio Ferreira; Juan Marsé; António Tabucchi; Catherine Clemént; Daniel Pennac; Horace MacCoy; Henry Rider Haggard; Camilo Castelo Branco; Pablo Neruda; Agustina Bessa-Luís; Peter Sheridan; Antero de Quental; José Saramago; Yasmina Reza; Hervé Guibert; Urbano Tavares Rodrigues; Franz Kafka; Ana Tortajada; José Régio; François Lelord; Da Chen; Alves Redol; Raymond Chandler; Danilo de Albuquerque (aqui fui tendencioso, LOL!); Fernando Sabino; Tahar Ben Jelloun; Thomas Wolfe; Carolina Maria de Jesus; Magnus Mills; Slavenka Drakulic; Lídia Jorge; Jorge de Sena; Eduardo Lourenço; Jack London; Heinrich Harrer; Umberto Eco; Mario Vargas Llosa; Le Clésio; Wislawa Szymborska ;Nuno Júdice; Alice Walker; José Luis Peixoto, Dulce Maria Cardoso...
Escusam de agradecer a lição, perdão, as sugestões...
Pap...