Um texto que se preocupe com a atual condição humana…
As alterações pós-modernas irritam solenemente. Sobretudo pela falta gritante de medida e porque essa falta de medida diminui drasticamente o nosso humanismo, distrai-nos daquilo que é essencial, faz--nos parecer “zombies”. Não tenho nada contra o tablet nem contra o telemóvel, contra as tecnologias. Mas tenho tudo contra quem não as sabe utilizar. Não é admissível que às 7.30h da manhã haja gente a atravessar uma passadeira, no meio de uma cidade, e nem repare que a atravessa arriscadamente e sem qualquer atenção só porque está a teclar ou a falar ao telemóvel. Quem é que, às 7.30h da manhã, tem uma conversa tão imensamente profunda para fazer, com olhos mal disfarçados de sono, no meio de uma passadeira onde pode ser atropelado? Não é conversa alguma, certamente! Apenas encenação dramática que exibe um fantoche que quer dar uma aparência de intensa existência social. Integração. Simulação de vida...
E quem é que passa um dia inteiro à espera da saída de logo à noite, para chegar à noite e estar com os amigos e perder o tempo a olhar, feito avestruz, de pescoço torcido, para um ecrã de plástico, a toda a hora, como se estivesse com a cabeça enterrada num buraco feito no chão? A ignorar tudo e todos os que estão à volta! Onde é que fica uma coisa chamada respeito? Onde é que para uma coisa chamada “comunicação"? Onde é que estão os amigos, onde é que estão os nossos interesses? Andamos a perder o nosso curto tempo? Onde é que anda metida a nossa vida?
Sou demasiado observador, infelizmente, para ignorar todas as obsessões, os tiques e o alheamento confrangedor que por aí grassam. Como diria Arturo Pérez-Reverte: Não estou otimista(…) Vivemos o tempo mais estranho da Humanidade. Nunca o ser humano foi tão estúpido como agora. Há mais informação, mas estamos menos informados (e mais desatentos). Tudo é explicado a preto-e-branco, quando qualquer pessoa com experiência de vida sabe que o mundo é uma coleção de cinzentos .
Pap...