Vai um subsídio, ó freguês?
O IPMA veio antecipar que prevê uma fase de chuvas abundantes para o outono e o inverno que se seguem, até 2018, a começar já no próximo mês de setembro. A dar-se o caso singular de o IPMA se transformar em flor-que-se-cheire e acertar alguma vez na vida numa previsão, esta notícia até podia ser encarada com muita preocupação, mesmo!
O que nos vale é que há mais hipóteses de um apostador acertar em cheio nos números todos do Euromilhões - sem ter jogado - do que os augures nacionais da climatologia adivinharem que tempo é que vai fazer amanhã de manhã! Na verdade, estamos em crer, depois das notícias que vieram a público ontem, à hora do crepúsculo, e que davam nota de ter sido feita a aquisição de um "novo" radar meteorológico em segunda mão, proveniente da Alemanha, em regime de renting, que o IPMA passa a ser o mais sério candidato a não conseguir, sequer, prever que tempo é que fez ontem.
Há quem diga, por maldição e má língua - não somos nós!!! - que alguns funcionários da equipa do Instituto de Meteorologia passam mesmo a vida a chegar atrasados ao emprego, porque não conseguem prever a que horas passa o 708, do Martim Moniz à Praça do Aeroporto, mesmo com o horário da Carris a ter sido enviado para as instalações do instituto, por um grupo de solidários preocupados, horário esse que se encontra afixado com fita-cola à porta da entrada, dos lados de dentro e de fora. Para além disso, a portaria também recebeu uma cópia.
Mas voltando ao início, que foi o que nos trouxe aqui, é que o pior que poderá acontecer, depois de tantos fogos e de uma estação cheia de intenso calor, é vir a aparecer a chuva. É absolutamente lamentável que a seguir ao fogo venha a pluviosidade. Não se admite, sobretudo em Portugal, país já de si tão martirizado pela corrida à verba fácil! Pois aventamos que será difícil convencer muito agricultor a ficar calado e, até, a calar a matraca. Vai ser um final de estio em continuidade com o choro e a par com o ranger de dentes. A frase que mais se ouvirá será: "- Quero um subsídio!!".
Depois de muito berrar, durante o verão, o faduncho do agricola apontará que a culpa é do Governo, que não faz chover; que a falta de água encarquilha os pastos e emagrece o gado. Se vier a dita chuva, vai ser uma berraria que a água apodrece as raízes e arrasta as vacas pelo lameiro fora, por causa das enxurradas diluvianas. E a culpa vai ser " do Governo", outra vez. Pelo andar desta carruagem, ainda vamos ver São Pedro a ser acusado de pertencer à "Geringonça".
Alertamos, desde já, todas as classes profissionais de que devem procededer à exigência de subsídios imediatos, se o negócio lhes começar também a correr mal. Se os professores perderem alunos, subsídio do Estado por aluno; construtores e trolhas, subsídio do Estado por cada muro que ficar por fazer; lojas do chinês - subsídio por cada assalto na secção de cuecas; agiotas da bolsa - subsídio pela descida da taxa de juro; salões de cabeleireiro - subsídio por cada bebé que nascer careca; atrizes de filmes marotos - subsídio para a aquisição de preservativos de marca branca; banqueiros - subsídio por cada empréstimo mal parado; pescadores - subsídio...não...esses já têm o doutoramento em subsídios!
O que queremos dizer, agora já mais ou menos sem sarcasmos, é que isto anda tudo loucamente trocado, tal e qual a tapeçaria de Clio: a chuva, como é do conhecimento público, devia era cair no verão, fod*-se!!! E à noitinha, para não incomodar os turistas que estão na praia; o Sol abrasador só deveria aparecer no final do ano, para combater o frio de dezembro, que nessas alturas é uma rapa que ninguém aguenta! O Allgarve bombava todo o ano, com resmas de ingleses a perderem os filhos de vista e paletes de filas de trânsito, desde a entrada da A2 até ao nó de Paderne.
Papagaio